28.5.12

D. Pedro IV e D. Maria II


De D. João VI a D. Maria II e as Lutas Liberais – alguns dados

D. João VI, 1816 – 1826
D. João VI (1767-1826) e D. Carlota Joaquina de Bourbon
Em 1792 o príncipe do Brasil assumiu o poder, passando a despachar os decretos em seu nome, devido a doença mental da mãe, D. Maria I; a partir de 1799 surge como regente, o Príncipe-regente D. João; em 1815, após ter elevado o Brasil a reino soberano unido a Portugal, com o título príncipe real – do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves –; em 1816 rei D. João VI e, com o reconhecimento da independência do Brasil, pelo tratado do Rio de Janeiro de 1825, rei de Portugal e imperador titular do Brasil.

Regência de D. Isabel Maria, Março de 1826 – Fevereiro de 1828
D. Isabel Maria, Infanta Regente (1801-1876), presidiu ao Conselho de Regência desde a morte do pai, D. João VI (que nomeou a referida Regência pouco antes de morrer), em Março de 1826 (confirmada como regente por D. Pedro IV e D. Maria II, que se encontravam no Brasil) até à regência de D. Miguel em Fevereiro de 1828.

D. Pedro IV, 1826
D. Pedro IV (1798-1834) e D. Leopoldina de Áustria
D. Pedro foi reconhecido como legítimo herdeiro pela regência, presidida por D. Isabel Maria, Infanta Regente. D. Pedro outorgou a Portugal uma Carta Constitucional e abdicou a coroa portuguesa na filha Maria da Glória (Maio de 1826), com a condição de Portugal jurar a Carta (que se cumpriu em Julho) e de a indigitada rainha se casar com o tio, o infante D. Miguel, que seria regente do reino até a mulher completar 18 anos.

D. Maria II, Maio de 1826 – 1853 e D. Fernando II, 1837 – 1853
Regência, 1826-1834: D. Isabel Maria; D. Miguel; marquês de Palmela; D. Pedro IV. Em 1837 nasce o príncipe real D. Pedro, filho primogénito de D. Maria II e de D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha.

D. Miguel I, 1828 – 1834
Regente de Fevereiro a Julho de 1828; realeza efectiva, Julho de 1828-1832; soberania limitada, 1832-Maio de 1834.

Guerras Liberais, 1832 – 1834
A guerra civil iniciou-se em Julho de 1832, com o desembarque do Mindelo, ou seja, o desembarque a norte do Porto das tropas liberais de D. Pedro, duque de Bragança (Pedro IV), às quais se juntaram muitos liberais, que conspiravam no país e no estrangeiro. Após dois anos de lutas intensas, a guerra civil termina em Maio de 1834 com a Convenção de Évora-Monte.

D. Pedro V, 1853 – 1861
D. Pedro V (1837-1861) e D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen
Regência de D. Fernando II, 1853-1855.

D. Luís I, 1861 – 1889
D. Luís I (1838-1889) e D. Maria Pia de Sabóia

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D. Pedro IV (1798-1834, rei em 1826 e imperador do Brasil de 1822 a 1831, duque de Bragança após a abdicação do trono imperial do Brasil) casou em 1817 com D. Leopoldina de Áustria (1797-1826, Imperatriz do Brasil e Rainha de Portugal) e tiveram os seguintes filhos:

  • D. Maria II (D. Maria da Glória; Rio de Janeiro, 4 de Abril de 1819 - Lisboa, 15 de Novembro de 1853), casou em 1835 com Augusto de Beauharnais, duque de Leuchtenberg e em 1836 com Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, rei Fernando II em 1837.

  • D. João Carlos (1821-1822)

  • D. Januária (1822-1901), casou em 1844 com Luís Carlos de Bourbon e Duas Sicílias (filho de Francisco I, rei das Duas Sicílias)

  • D. Paula Mariana (1823-1833)

  • D. Francisca Carolina (1824-1898), casou em 1843 com Francisco Fernando de Orleães, príncipe de Joinville, filho do rei Luís Filipe I de França

  • D. Pedro II do Brasil (1825-1891), segundo imperador do Brasil (de 1831 a 1889), casou em 1842 com Teresa Cristina de Bourbon e Duas Sicílias (irmã de Luís Carlos e filha de Francisco I das Duas Sicílias).

A arquiduquesa D. Leopoldina de Áustria (1797-1826) era filha de Francisco I, último sacro imperador romano-germânico e primeiro imperador da Áustria, e da sua segunda mulher, Maria Teresa de Nápoles. A irmã Maria Luísa de Áustria foi, em 1810, segunda mulher de Napoleão I (imperador da França, Napoleão Bonaparte), de quem teve um filho, Napoleão II de França (rei de Roma, como herdeiro de Napoleão I, e imperador em 1815). O casamento, em 1817 no Rio de Janeiro, com D. Pedro, príncipe real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e duque de Bragança, resultou das negociações de D. João VI com uma das casas reais europeias vencedoras de Napoleão (derrotado em 1815).

D. Maria II (1819-1853, rainha de 1826 a 1853), nasceu e viveu no Brasil até 1831 (12 anos) e em Paris de 1831 a 1833 (chegou a Lisboa em Setembro de 1833), casou em 1835 com Augusto de Beauharnais, duque de Leuchtenberg (1810-1835), e em 1836 com Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha (1816-1885), rei Fernando II em 1837, e foi sucedida pelo filho D. Pedro V (1837-1861, rei de 1853 a 1861); também casou por procuração (com 7 anos) em Outubro de 1826 com o tio, o infante D. Miguel (1802-1866, rei Miguel I, de 1828 a 1834), casamento, depois, declarado nulo.

D. Pedro IV (1798-1834, rei em 1826 e imperador do Brasil e, posteriormente, duque de Bragança), viúvo desde 1826, casou segunda vez em 1829 com D. Amélia de Leuchtenberg (1812-1873, saiu do Brasil em 1831 e estabeleceu-se em Portugal até morrer), segunda imperatriz do Brasil, duquesa de Bragança, de quem teve uma única filha:

  • D. Maria Amélia de Bragança (Paris, 1831 - Funchal, 1853, princesa do Brasil, noiva do arquiduque Maximiliano de Áustria, futuro imperador do México e irmão do imperador Francisco José I da Áustria)

Amélia de Leuchtenberg (1812-1873), casada com D. Pedro I, imperador do Brasil e D. Augusto de Beauharnais, duque de Leuchtenberg (1810-1835), casado em 1835 (morre apenas dois meses depois) com D. Maria II, rainha de Portugal, são filhos do 1.º duque de Leuchtenberg Eugénio de Beauharnais (filho da Imperatriz Josefina e filho adoptivo de Napoleão Bonaparte e seu Vice-Rei de Itália) e da princesa D. Augusta da Baviera (filha do rei Maximiliano I da Baviera) e primos de Napoleão III (presidente da Segunda República Francesa de 1848 a 1852, como Luís Napoleão Bonaparte, e imperador da França de 1852 a 1870).

D. Pedro (príncipe real e imperador do Brasil):
  • Infante de Portugal (n. 1798)
  • Príncipe da Beira (1801-16)
  • Príncipe Titular do Brasil (1816-22)
  • Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1817-22)
  • Príncipe Regente do Brasil (1821-22)
  • D. Pedro I Imperador do Brasil (1822 [1825]-abd. 1831)
  • D. Pedro IV Rei de Portugal (1826-abd. 1826) [D. Pedro IV, Rei de Portugal e dos Algarves d’Aquém e d’Além-Mar em África, Senhor de Guiné, e da Conquista, da Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia, etc.]
  • D. Pedro, duque de Bragança (1831-34) [Sua Majestade Imperial e Real, o Duque de Bragança]

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Em Novembro de 1807 a Família Real Portuguesa (Príncipe-regente D. João, rainha D. Maria I, princesa D. Carlota Joaquina, infantes D. Maria Teresa, D. Maria Isabel, D. Maria Francisca de Assis, D. Isabel Maria, D. Miguel, D. Maria da Assunção e D. Ana de Jesus Maria e Príncipe da Beira D. Pedro) foge com a Corte (nobres, militares, religiosos e funcionários da Coroa) para o Brasil na sequência da Primeira Invasão Francesa, comandada pelo general Junot ao serviço do imperador Napoleão Bonaparte. Em Lisboa fica uma regência assegurada por cinco pessoas presidida pelo marquês de Abrantes.

Perante a posição indefinida de Portugal relativamente ao Bloqueio Continental, imposto pelo imperador Napoleão I da França em 1806, consistindo no encerramento dos portos de todos os países europeus ao comércio inglês, procurou Napoleão impô-lo à força, dando origem à Guerra Peninsular, de 1807 a 1814, com as Invasões Francesas (de 1807, 1809 e 1810).

Ausência da Família Real em Portugal de 1807 a 1821.

Em 1808, dá-se a chegada do primeiro monarca Europeu a terras americanas.

O Rio de Janeiro, capital da colónia, passa a ser a sede do governo português e a capital do Reino, com a presença do monarca.

Em Março de 1816 morre no Rio de Janeiro D. Maria I e é sucedida por D. João VI (aclamado rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves).

Em Abril de 1821 D. João VI parte do Brasil para regressar a Lisboa, pressionado pela revolução liberal portuguesa de 1820, e institui a regência no Brasil do príncipe Regente D. Pedro.

Em 7 de Setembro de 1822 foi proclamada pelo príncipe Regente (do Brasil) D. Pedro a independência do Brasil. Portugal só reconheceu a separação do Brasil (como Império independente, cuja soberania cabe a D. Pedro I, imperador do Brasil, reservando o título de imperador para D. João VI, com a anuência de D. Pedro) em 1825, passando D. João VI a partilhar com o filho o título de imperador do Brasil (D. Pedro não deixou de ser o legítimo herdeiro de D. João VI, este sempre esperançado no restabelecimento, senão do Reino Unido, pelo menos de uma união pessoal, a protagonizar pelo respectivo filho).

Em Abril de 1831 D. Pedro I do Brasil, após diversas revoltas e insurreições e conflitos entre os grupos políticos liberais e o governo, abdica em favor do filho Pedro de Alcântara, iniciando-se o Período Regencial (regência que se inicia em 1831, com a abdicação de Pedro I, até 1840, com o Golpe da Maioridade, na menoridade de D. Pedro II que, nascido em 1825, iria completar 5 anos de idade). D. Pedro, duque de Bragança, retira-se para a Europa, onde assume a liderança da luta para restaurar os direitos da filha, usurpados por D. Miguel. Segue-se uma série de disputas em Portugal e oferecimento dos tronos da Grécia e de Espanha (e imperador da Ibéria).

D. Maria II viveu em Paris entre 1831 e 1833. Após a conquista de Lisboa aos absolutistas, em Julho de 1833, D. Pedro, duque de Bragança, manda chamar a filha. Em Setembro de 1833 a rainha D. Maria II chega a Lisboa (pela primeira vez na vida no continente do país). A guerra civil, entre as tropas liberais e as tropas miguelistas, dura até Maio de 1834.

[Ver, também, rainha D. Maria II e os seus casamentos.]

7 comentários:

LANA CAPRINA disse...

D. Maria Ana, infanta de Portugal

A infanta D. Maria Ana de Bragança (1736-1813), solteira, filha de D. José I e de D. Mariana Vitória de Bourbon, irmã da rainha D. Maria I (1734-1816), seguiu em 1807 com a restante Família Real Portuguesa para o Brasil e morre no Rio de Janeiro em 1813. Fundou em 1783 o Convento do Desagravo do Santíssimo Sacramento, em Lisboa (actual freguesia de São Vicente), para onde foram trasladados os seus restos mortais, que viriam a ser novamente transferidos para o Panteão Real de S. Vicente de Fora.

LANA_CAPRINA disse...

D. Maria Francisca Benedita, Princesa do Brasil

A infanta D. Maria Francisca Benedita de Bragança (1746-1829), filha de D. José I e de D. Mariana Vitória de Bourbon, foi casada, sem descendência, com o sobrinho D. José, Príncipe do Brasil, que foi filho da rainha Maria I (1734-1816). D. José (1761-1788), Príncipe do Brasil e duque de Bragança, filho primogénito de Maria I e de Pedro III (reis em 1777), foi o penúltimo príncipe do Brasil (herdeiro da coroa portuguesa), título que passou para o irmão, futuro rei João VI (que assume o poder em 1792). D. Maria Francisca Benedita, Princesa Viúva do Brasil (irmã e nora da rainha) decidiu empregar, então, os seus bens na construção de uma instituição em Runa (concelho de Torres Vedras) à qual dedicou o resto da vida, de assistência na doença e na velhice aos militares. A obra não seria interrompida quando a Princesa Viúva seguiu em 1807 com a restante Família Real Portuguesa para o Brasil. Em 1821, D. Maria Francisca Benedita regressa do Brasil e, em 1827, inaugura o Hospital Real dos Inválidos Militares de Runa. O monumental edifício contruído foi destinado para ser um “Hospital” e simultaneamente uma área palaciana para residência da sua fundadora, a Princesa Viúva (Palácio de Runa). Morre em 1829, no reinado de D. Miguel I, tendo sido sepultada no Panteão Real de S. Vicente de Fora (em Lisboa).

A Princesa D. Maria Francisca Benedita (1746-1829) foi, sucessivamente, infanta de Portugal (1746-1777), princesa da Beira (1777), princesa do Brasil (1777-1788) e princesa viúva do Brasil (1788-1829).

LANA_CAPRINA disse...

D. Pedro Carlos de Bourbon, infante de Espanha e Portugal

D. Pedro Carlos de Bourbon, infante de Espanha e Portugal (1786-1812), fruto do casamento da infanta Mariana Vitória Josefa (1768-1788), filha da rainha Maria I, com Gabriel de Bourbon (1748-1788; filho de Carlos III de Espanha), cedo ficou órfão, tendo seguido com a Família Real Portuguesa para o Brasil em 1807 e aí casou com a Princesa da Beira, a infanta Maria Teresa, sua prima (filha de João VI e de Carlota Joaquina de Bourbon). D. Maria Teresa de Bragança e D. Pedro Carlos de Bourbon (ou Pedro Carlos de Espanha e Portugal, que era neto de Carlos III de Espanha e também de Maria I de Portugal, infante de Espanha e de Portugal) tiveram um filho, nascido no Brasil, D. Sebastião de Bourbon e Bragança (Sebastião Gabriel de Bourbon e Bragança, 1811-1875), infante de Espanha e Portugal. Pedro Carlos de Bourbon, sobrinho e genro de D. João VI, morre em 1812 no Brasil, tendo sido sepultado na Capela de Nossa Senhora da Conceição da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, junto ao Convento de Santo António (Rio de Janeiro, no Centro da cidade).


D. Maria Teresa, Princesa da Beira (1793-1874), filha de João VI, foi casada em primeiras núpcias (1810) com o primo D. Pedro Carlos de Bourbon (1786-1812) e, em segundas núpcias (1838), com o seu cunhado (viúvo de Maria Francisca de Assis) e tio D. Carlos Maria Isidro de Bourbon (1788-1855)


Maria Teresa de Bragança ficou viúva, ainda no Brasil, em 1812. Em 1838, Maria Teresa casou em segundas núpcias com o cunhado e tio, Carlos de Bourbon (infante de Espanha), que enviuvara da sua irmã Maria Francisca em 1834, pretendente «carlista» do trono espanhol depois da morte do irmão Fernando VII. Este infante de Espanha, mais tarde também conde de Molina, foi filho de Carlos IV e irmão da rainha Carlota Joaquina de Bourbon, de Maria Luísa de Bourbon (duquesa de Lucca, depois também rainha consorte de Etrúria, na italiana Toscana, casada com Luís de Bourbon e Parma), de Fernando VII (rei de Espanha em 1808 e de 1813 a 1833, pai de Isabel II de Espanha), de Maria Isabel de Bourbon (rainha consorte do reino das Duas Sicílias) e, ainda, de Francisco de Paula de Bourbon (pai do futuro rei consorte de Isabel II de Espanha, Francisco de Assis de Bourbon, duque de Cádis). Do casamento com D. Carlos Maria Isidro de Bourbon não houve filhos, contudo D. Maria Teresa cuidou dos três enteados, que também eram seus primos-irmãos – Carlos Luís de Bourbon (1818-1861), João Carlos de Bourbon e Bragança (1822-1887) e, também, Fernando de Bourbon e Bragança (1824-1861).


D. Sebastião de Bourbon e Bragança (1811-1875), infante de Espanha e Portugal, foi casado em primeiras núpcias, sem descendência, com Maria Amália de Bourbon e Duas Sicílias (1818-1857), filha de Francisco I, rei das Duas Sicílias e, em segunda núpcias, com Maria Cristina de Bourbon (1833-1902), filha do infante de Espanha, Francisco de Paula de Bourbon e, também, irmã de Francisco I, rei consorte de Isabel II de Espanha (tiveram cinco filhos)

Anónimo disse...

Lavradio (concelho do Barreiro, distrito de Setúbal)
(Lavradio, Barreiro)

O Lavradio foi pertença da Ordem de Santiago e foi elevado a Vila e sede de Concelho em 1670, por Decreto de D. Pedro II, que a doou a D. Luís Mendonça Furtado, Vice-rei da Índia e 1.º Conde do Lavradio.

A zona do Lavradio foi até meados do séc. XX conhecida pela extracção de sal e pela sua actividade agrícola, produzindo-se na sua área fundamentalmente vinha da qual era fabricado um vinho licoroso "Bastardinho".

Com o crescimento industrial do séc. XX, as marinhas de sal, vinhas e fábricas de transformação de cortiça foram desaparecendo e nascendo na zona do Lavradio, não só uma zona habitacional com crescimento intensivo até à década de 80 do séc. XX como a instalação de Indústria pesada, nomeadamente a Fábrica da UFA e da Fisipe, bem como as instalações da EDP.

Do passado rural restam ainda vestígios, tanto na toponímia como na tipologia arquitectónica do chamado "Lavradio Velho", com vestígios de casas senhoriais, sedes de grandes propriedades rurais, resquícios das velhas salinas, bem como um núcleo de pescadores tradicionais do Tejo com as casas lacustres na zona da Barra-a-Barra.

Nos finais do século XIX, no concelho do Barreiro, a actividade agrícola foi cedendo lugar à indústria e à expansão urbana. Grande parte das quintas foram alienadas, destruídas e acabaram por desaparecer. Actualmente, a actividade agrícola no concelho é insignificante. Porém, o passado rural ainda é testemunhado por alguns edifícios e complexos rurais, existentes nas freguesias do Lavradio, Barreiro, Palhais e Coina.


Quintas do Lavradio
(Lavradio, Barreiro)

Quinta de Barra-a-Barra
Uma das quintas mais famosas do Lavradio, cuja existência data do século XV, foi a Quinta de Barra-a-Barra, onde D. João II terá estanciado por algum tempo em 1492. Dela apenas sobreviveu o topónimo na actual Praceta a que emprestou o nome.

Quinta do Meloal
Outra quinta muito famosa no Lavradio, em virtude de o seu proprietário ter sido Brás Afonso de Albuquerque (filho do conhecido Vice-Rei da Índia), foi a Quinta do Meloal, cuja localização se situa para as bandas do Bairro dos Atores. O seu nome ainda surge na cartografia do Século XIX.

Quinta da Fonte
E, também, a Quinta da Fonte, onde nasceu D. Luís de Mendonça Furtado e Albuquerque, por mor de quem D. Pedro II concedeu o titulo de Vila ao Lavradio, em 1670.

Quinta da Várzea
Propriedade rural já documentada no século XVII, é constituída por terras de cultivo, Jardim e Casa Senhorial, ostentando na fachada uma pedra de brasão. Subsistem pelo Jardim vestígios de várias aplicações azulejares dos séculos XVII e XVIII e uma Fonte de Embrechado, do século XIX.

Quinta dos Lóios
Antiga propriedade agrícola dos frades de Santo Elói, de Lisboa (o Convento de Santo Elói de Lisboa era masculino e pertencia à Congregação dos Cónegos Seculares de São João Evangelista, vulgarmente conhecidos por Lóios), que lhes terá sido doada no século XIII, por Martins Esteves Curvo, cónego de Lisboa. A propriedade é descrita no século XVIII como possuindo uma capela de N.ª Sr.ª do Bom Sucesso, possuía horta, grande vinha, lagar e marinhas de sal. O seu estado é actualmente muito degradado, mas é possível reconhecer o que resta de um dos janelões dos séculos XVI/XVII, na fachada Norte (lado esquerdo).

Anónimo disse...

Avintes (Vila Nova de Gaia)

Actual vila do concelho de Vila Nova de Gaia.

Ainda não havia a nacionalidade portuguesa já, no ano 927, existia a "villa Abientes in ripa flubio durio" [vila de Avintes da margem esquerda do Douro] e conhecia o seu primeiro senhor, D. Gondosendo Eriz, nobre aparentado com os reis de Leão.

Avintes, até 1837, sempre foi uma terra autónoma com juiz eleito, onde se aplicava a justiça.

Terra tutelada por senhores, muitos deles ligados à corte portuguesa. Do século X até à I República, foram 36 os senhores que dominaram a terra de Avintes.

Em 1505, Avintes foi considerado como Couto, [circunscrição territorial, atribuída, normalmente a um senhor religioso] que tinha o privilégio de fazer eleger pelo povo de Avintes o seu Juiz e podia aplicar a justiça em casos cíveis.

Em 1664, no século XVII, esta terra foi erigida em Condado.

D. Luís de Almeida recebe a 17 de Fevereiro de 1664 o título de conde de Avintes, do rei D. Afonso VI. Esse ilustre membro da família dos Almeida havia sido o último governador e capitão geral de Tânger e do reino do Algarve, pai do segundo conde de Avintes D. António de Almeida.

Um dos familiares do 2.º Conde de Avintes, D. Tomas de Almeida, foi escolhido para primeiro Cardeal Patriarca de Lisboa.

A 17 de Janeiro de 1725 o quarto conde de Avintes, D. António de Almeida Soares Portugal, foi feito conde do Lavradio por D. João V, em retribuição dos serviços prestados por seu tio D. Tomaz de Almeida, 1.º Patriarca de Lisboa, a carta régia de 18 de Outubro de 1753 elevou-o a marquês do Lavradio, foi governador de Angola e vice-rei do Brasil.

Desde inícios do século XVIII, com a introdução do milho-grosso ou "milho-maís", desenvolve-se em Avintes a indústria de moagem e de panificação, fornecendo-se grandes quantidades de farinha e de pão, em forma de broa, à cidade do Porto (Broa de Avintes). Desta actividade comercial, nasceu a prosperidade económica de Avintes e a tradição das Padeiras e das Barqueiras de Avintes.

Entre 1834 e 1836 Avintes foi, de novo, Concelho constituído pelas freguesias históricas do Couto de Avintes: Avintes e Seixezelo. Concelho com um Presidente da Câmara, vereadores eleitos, uma casa da câmara e polícia própria. Contudo, uma nova reforma administrativa sobreveio e o Concelho de Avintes foi extinto em 1837.

Anónimo disse...

Lafões
Lafões (distrito de Viseu)


A região de Lafões situa-se em pleno coração da Beira Alta e é constituída pelos concelhos de Oliveira de Frades, S. Pedro do Sul e Vouzela (distrito de Viseu).

A região é limitada a Norte pelo maciço da Gralheira (S. Macário, Arada e Manhouce) e a Sudoeste pela serra do Caramulo (com os famosos dois montes, Lafão e Castelo), sendo banhada por dois rios, o Vouga e o Alfusqueiro, e pelos seus afluentes.

Nas Termas de S. Pedro do Sul são dos romanos, que difundiram por todo o mundo ocidental a magia das águas termais que, antes, os gregos tinham descoberto, os mais importantes e antigos vestígios patrimoniais: ainda hoje se podem ver várias componentes em pedra do que foi o Balneum Romano construído nos primeiros anos do século I da era cristã.

Mais tarde, já no século XII, as então denominadas Caldas Lafonenses voltam a ser objecto de interesse e notícia.

Em 1152, D. Afonso Henriques reconhecendo a crescente importância da vila onde brotavam tão especiais águas, concedia o primeiro foral à Villa do Banho, outorgando-lhe assim a importância de concelho.

E é o próprio primeiro Rei de Portugal, em 1169, após fractura da perna sofrida na batalha de Badajoz, que vai recuperar fisicamente para as Caldas Lafonenses, na Vila do Banho, hoje Termas de S. Pedro do Sul, e onde constrói uma pequena Capela a S. Martinho (que ainda existe). Das Termas fazem parte o complexo termal romano, na margem esquerda do rio Vouga, constituído por uma piscina monumental e em que teriam sido aproveitadas as águas quentes e sulfurosas para banhos. Esta piscina localiza-se ao lado da piscina afonsina que teria sido utilizada desde D. Afonso Henriques até à Rainha Dona Amélia, com sucessivas e importantes remodelações.

Em 1280, D. Dinis concede foral a Lafões, território que integrava Vouzela, cuja primeira sede foi a Vila do Banho (posteriormente a sede passa para Vouzela, mas volta à Vila do Banho).

Já nos primeiros anos do século XVI, é o rei D. Manuel I que decide desenvolver as Caldas Lafonenses, construindo no local o Hospital Real das Caldas de Lafões e concedendo, em 1515, novo foral à Vila do Banho, aumentando as suas competências e importância.

Em 1836, o concelho de Lafões dá lugar a três concelhos distintos, designadamente São Pedro do Sul, Vouzela e Oliveira de Frades, a que se vieram juntar posteriormente mais dois, Sul (concelho até 1855, faz parte do actual concelho de S. Pedro do Sul) e São João do Monte (concelho até 1855, faz parte do actual concelho de Tondela).

Anónimo disse...

A Guerrilha do Remexido

Na Guerra Civil (1832-34) ficou célebre o guerrilheiro algarvio,
partidário do rei D. Miguel, José Joaquim Sousa Reis (1796-1838), mais conhecido por “Remexido”.

Assim ficou conhecido devido à sua ação de guerrilha, desenvolvida muito intensamente nas freguesias serranas de S. Marcos da Serra e S. Bartolomeu de Messines (concelho de Silves), no período de guerra civil entre as forças absolutistas e liberais.

Foi fuzilado pelas forças liberais em 1838.

Liderou um movimento com origem na sociedade rural mal conhecido e nada reputado, uma guerrilha contrarrevolucionária que se tinha desenvolvido na Serra do Algarve e no Sul do Alentejo, depois da guerra civil de 1832-34 entre liberais e miguelistas.

O Remexido foi capitão de ordenaças durante a guerra civil.

Exemplo sobre os “avessos” da revolução, ou seja sobre a contra-revolução na sua vertente popular. Já antes, também, as revoltas contra a Carta Constitucional em Trás-os-Montes em 1826, a questão da luta contra os cemitérios públicos e a dimensão popular das desavenças eclesiástico-religiosas que ficaram conhecidas por “Cisma da Igreja portuguesa”.